quinta-feira, 24 de maio de 2012

Da arete, aos dias de hoje. Textos, textos e mais textos, absorvemos tudo?



Arete para os Gregos tinha a concepção de competência do uso adequado do corpo - Virtude espiritual, situção, movimentação adequada para cada momento. 
Não é esperar o elogio, mas sim a vontade de ser lembrado por sua coragem e ser determinante para seu povo, busca pela excelência humana, porém são valores hoje não cultuados.
O homem Grego não é para si, nem para o outro, mas sim para a comunidade. "Quem atenta contra a arete alheia perde, em suma, o próprio sentido da arete" (p.32), não existe a necessidade de reconhecimento, negar a honra era a maior tragédia humana.
Existe a ânsia do mérito de se distinguir, nos dias de hoje o mérito e destacar-se não é mais visto como positivo e produtivo. 
Os tempos Homéricos, parecem ser mais abertos e livres perto dos tempos clássicos, o qual tinha um poder do Estado muito maior. Por outro lado parece que como humanos nós não conseguimos ficar por muito tempo sem governo. 
Vive-se as pequenas insignificâncias, não existem mais grandes ações, nem mesmo magníficos feitos. Nossa sociedade pós moderna (pensando apenas no sentido de estar associada com o capitalismo), vive muito mais essas insignificâncias, e pior, elas são valorizadas, dessa forma, perde-se o sentido do próprio viver. 
Enquanto antes "a arete heróica só se aperfeiçoa com a morte física do herói" (p. 32), hoje mal conseguimos viver por um próprio proposito, quanto mais viver "na defesa dos amigos, sacrificar-se pela pátria, abandonar prontamente dinheiro, bens e honrarias para "fazer sua a beleza"" (p. 35).
oras, o que mais nos move hoje além do dinheiro, em grande parte do tempo?
O que sustentaria realizarmos algo por nossa honra nos dias de hoje?
Acredito que seria apenas os nossos ideias.  Mas nessa sociedade que valoriza as insignificâncias, nesse pós modernismo, o qual valoriza-se o dinheiro, além daquilo que lhe é devido, esquece-se dos amigos em busca de bens e honrarias e ainda desvaloriza-se a própria pátria, como pode-se almejar ideias?
O que seria hoje, o verdadeiro sentido daquela arete? 
Nobreza, belo, aristocrácia, que antes poderiam ser compreendidos de uma forma, parecem ser hoje palavras sujas. Os termos hoje são outros, as interpretações dependerão das contextualidades históricas. 
Sejamos claros, esses processos são um grande reflexo da falta de reflexão (com o perdão da redundância) da sociedade hiperacelerada, a qual por mais queiramos desacelerar, somos "empurrados" pelo embalo da própria massa, mais ou menos como estar parado na frente do metrô em São Paulo às 18 horas, por mais que você não queira, acabará parando dentro do vagão.
Pensando em formação humana, quanto essa falta de ideais, esse excesso de pressa e dificuldade de absorver termos como arete na visão dos Gregos, ou a dificuldade de estruturar o excesso de informações que recebemos, quanto isso influência nesse processo educacional?
Textos, textos e mais textos, absorvemos tudo?
Quanto isso contribui para nossa formação?
O que realmente aprendemos com isso?
E será que "eu vejo a vida melhor no futuro"? Existe um novo começo de era, mas será que é de "gente fina, elegante e sincera"? 
Fato é: "não há tempo que volte amor, vamos viver tudo que há pra viver"...
Não é uma questão de ser negativo, mas sim de pensar de que forma você pode ajudar para que a música possa ser parte da realidade.
Escute e perceba a música e aquilo que te cerca de forma mais crítica.
Rever conceitos, refletir, criticar, questionar, não se engessar! 



JAEGER, Werner (Wilhelm). Paideia : a formação do homem grego. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; [Brasilia]: Ed. Universidade de Brasilia, 1989. 966p.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Grécia: da bonança à tempestade


A palavra Paidéia surgida na Grécia e que da título ao livro de Weber Jaeger, como o próprio autor diz não é simples de ser esclarecido com apenas uma palavra. Hoje abarcaria um compilado de "civilização, cultura, tradição, literatura ou educação" (JAEGER, 1989, p. 3). Caso conseguissemos colocá-las todas em um mesmo "barco", talvez chegassemos ao termo Paidéia. 
Torna-se  claro que todo este processo diz respeito a comunidade, liga-se a um momento de relações e reflexões sobre uma comunidade, não apenas a um indivíduo. Pensava-se no processo de Formação Humana, de auxiliar o homem a ser humano. Porém atualmente o homem não está inteiramente em seu momento vivido, ao conversarmos sobre a educação, filosofia, ou qualquer outro assunto, por muitos instantes estamos pensando em diversos outros afazeres, muitas outras reflexões. Já na Grécia apesar desta não ser "uma autoridade imbatível, fixa e independente do nosso destino" (JAEGER, 1989, p. 4), podia-se ter o "privilégio" de através dos diálogos reflexivos compreender o caminhar para a Formação Humana.
Parece surgir um empobrecimento nos processos reflexivos atuais, talvez surja desse ponto a necessidade de voltarmos a Grécia para compreender, ou pelo menos tentar compreender, as transformações, perdas e ganhos de todos esses processos. O próprio Nietszche dirá que o retorno a Grécia é preciso para novas reflexões, porém posteriormente, desconsiderará essa ideia, mas pode-se entender que essa "transformação", esse caminho era necessário. 
O principal fato é que a educação na Grécia era voltada ao povo, porém hoje nosso olhar individualista, pelo qual convivemos e vivemos no mundo, dificulta compreender como e de que forma os gregos conseguiam pensar nesse coletivo, porém este é um movimento necessário para, de algum modo, poder entender essa Formação Humana e o que poderia ser necessariamente vital.
A cultura era "a totalidade das manifestações e formas de vida que caracterizam um povo. A palavra converteu-se num simples conceito antropológico descritivo. Já não significa um alto conceito de valor, um ideal consciente" (JAEGER, 1989, p. 6) e isso era visto pelos gregos devido a sua potência de ser um povo que vivia de e para a filosofia e "está intimamente ligada à sua arte e à sua poesia" (JAEGER, 1989, p. 9).
todo este resgate de filosofia, da cultura grega, arte, poesia, o pensar na sociedade, o poder da oratória, seriam pontosapra conseguirmos nos apropriar do que seria a Paidéia e todo este movimento estaria ligado a educação como um processo de construção consciente e a partir desse instante apropria-se de um pensamento mais coletivo, menos individualista. 
Todo esse trabalho de bebermos das fonte da gregas para pensarmos a Filosofia, Letras, Arquiteturas, nos mostrao "poder" existente naquela civilização, porém torna-se mais interessante pensar no atual momento vivido pelo Grécia, instante permeado de crises em diversos setores da sociedade. 
A partir dessa reflexão sobre tudo o que a Grécia representa e seu atual momento, nos leva a refletir sobre esse processo de necessidade da humanidade repleto de ciclos, os quais não existe algo estagnado ou concreto, vivemos em constante mudança, dessa forma, nada fica em uma linearidade, as construções histórico sociais são permeadas de mudanças e através desse ponto as sociedades se constrem, fortalecem suas bases, refletem seus pensamentos para outras sociedade, mas também decaem, entram em crise e é necessário reestabelecer-se, recriar, construir, voltar a filosofar, dialogar para voltar a construir a sociedade,
assim como relata Flickinger (1998), o diálogo faz parte de um intercâmbio vital com o outro, através dele pode-se construir novas possibilidades.
As sociedades necessitam do diálogo, seja para construir bases solidades, ou para recuperar essas bases, talvez o sentido de Paidéia, tão trabalhado em diversas linhas de pesquise e estudos deva voltar para sua própria morar, a Grécia e assim, de repente, poderá auxiliar no instante em que a mesma se encontra. 
Em alguns momentos vale a pena os próprios filhos conhecerem sua origem, afinal é esse caminho, onde bebemos da própria fonte, que pode nos tornar homens mais completos, auxiliando de forma magistral para a Formação Humana.



FLICKINGER, H. G. Para que filosofia da educação? In: Perspectiva. Florianópolis, v.16, n. 29, p. 15-22, jan./jun. 1998.


JAEGER, Werner (Wilhelm). Paideia : a formação do homem grego. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; [Brasilia]: Ed. Universidade de Brasilia, 1989. 966p.  

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Verbo Ser


 

Iai caro leitor... Já ouviram dizer que as perguntas nos ajudam a descobrir caminhos e possibilidades, que perguntas são um profundo ato de reflexão, recriação, reinvenção!

Talvez uma boa pergunta seja: O que eu sou? E para que eu sou? O que você quer ensinar? Ou insignar em outras pessoas? 

Viver não é simples e exige coragem, mas lembre-se de que quanto mais você questionar, mais duvidará e mais possibilidades de se confundir terá... Mas quem disse que ficar confuso é ruim? Ou está errado? Confundir é o começo para achar o caminho "desconfuso", mas quem disse que ele é o certo? E o que me faz querer o certo?

Mas o centro é: O que é ser? O que eu sou?
Talvez Carlos Drummond de Andrade, auxilie nessas ideias e proporcione reflexões para nosso final de semana!

 

Verbo Ser

Carlos Drummond de Andrade
 
Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.

domingo, 13 de maio de 2012

Devaneios



Ambiente estimulante para pensar...
Porém a cabeça não para de girar!
Muitas tarefas, muitas coisas para cumprir, muita atenção para prover...
Sei que...
Sei que vou conseguir.
Sinto cansaçõ, sinto dor, sinto pavor, mas tudo isso representa uma foma de representar a vida.
Vida..
Vida pela qual precisamos passar, caminhar.
Talvez tudo isso pareça apenas devaneios, ideias sobrevoadas, com visões muito mais longínquas, sem conseguir um foco preciso, um alvo exato, um ponto para ser pinçado.
Apenas escrevendo, pensando, vivendo, para sentir algo que não é simples de ser descrito, exato, concreto de ser falado...
Pinçar aquilo que realmente vale a pena, o que pode realmente fazer parte do algo tão profundo e grande, apensar de sua especificidade.
Para continuar o processo de viver, precisamos retornar, ter eternos retornos, não somente a nossa família, mas a tudo aquilo que parece ser inicial e ao mesmo tempo primordial, o eterno retorno para sentir...
Porém, como diria Nietzsche, para conquistar e chegar no ponto exato, é necessário passar pelo sofrimento, pela dor, pelo esforço... Muito esforço...
Mas a questão é: sentir para que? Senit o que?
Em que mundo vivemos, o que queremos e principalmente, por que vivemos?
Você já pensou nisso, algum dia?
E se já pensou em algum dia... Já pensou isso no dia de hoje?
Quantas ideias...
Ambiente estimulante para pensar...
Porém a cabeça não para de girar!
Muita informação, muitas falas, muitas ideias, Filosofia, Política, Arte, Literateura, Música, Poesia...
Em que ponto parar?
Para que tanto bla bla bla?
Onde queremos chegar?
Parece que a paisagem passa, as imagens passam e eu aqui... Tentando correr atrás de tudo isso que não volta mais...
Tudo parece ser mais rápido do que minha possibilidade de chegar, mais rápido do que minhas pernas podem aguentar, mais rápido do que minha mente pode pensar...
Ambiente estimulante para pensar...
Porém a cabeça não para de girar!
Cantar, dançar, poetizar, pensar, falar, filosofar, simplesmente viver...
Viver?
Simplesmente viver???
Não... Não tão simplesmente assim.
Tanta informação, tanta possibilidade, tantas necessidades, muitos "quereres" sem poderes, muitas potências e poucos atos...
Estafado...
Esgotado...
Finalizado...
Porém o fim é sempre um novo começo, dessa forma, que chegue ao final, que esse pensamento pare momentanemente. Para que possamos ter um novo começo, que pode voltar para o ponto do mesmo início:
"Ambiente estimulante para pensar...
Porém a cabeça não para de girar!"