sexta-feira, 28 de março de 2014

UFSC, drogas e a sociedade!




Não posso deixar de escrever sobre os fatos que estão acontecendo na UFSC. 
Confesso que estou tentando organizar as ideias, mas existem muitos fatos para serem debatidos, entretanto vou tentar realizar um texto curto.
Primeiramente gostaria de dizer que sou do movimento estudantil desde 2003, quando iniciei minha primeira graduação, sempre fui favorável a diversas ideologias, porém contestava outras. Não sou formado em História, não sou filiado a nenhum partido político, sou aluno da Pedagogia e do Mestrado em Educação, (prédio que fica ao lado de onde ocorreu o conflito do dia 25/03/2014)  e vejo pontos positivos dos dois lados que tem se manifestado na UFSC. 
Tudo que vou escrever aqui é baseado em conversas com amigos da faculdade (Ismael, Marino e outros representantes do centro acadêmico), professores (Orlando, Olinda, Everaldo), além de amigos que tenho dentro da polícia. 

Gostaria de deixar claro que não concordo com a proporção que tomou a ação da Polícia Federal, balas de borracha, bombas de gás, bombas sonoras, bombas de luz, entretanto também não sou da polícia para saber qual o tipo de treinamento dado para esse tipo de situação, mas é fato que havia o Flor do Campos e o NDI (Núcleo de Desenvolvimento Infantil), ao lado do local da ação e isso parece ter sido um "tiro no pé" de toda a ação. 
Ao mesmo tempo quando os estudantes e até mesmo professores solicitaram para que os Policias Federais realizassem o TC (Termo Circunstanciado) no local, será que eles sabiam que são apenas os Policias Militares que podem realizar esse termo no local? Portanto a ação sendo da Policia Federal essa forma de negociar não tinha validade. 
Até onde sei, de acordo com informações e entrevistas, existe sim investigações acontecendo na UFSC, isso não é novidade para ninguém, mas se existe algum "peixe grande" para ser preso, com certeza agora ele está mais atento, mais um "tiro no pé" da própria polícia.
Acredito que esses pontos são falhas que ocorreram na ação. 

Alguns atos que realizamos devem ser assumidos, pois eu posso roubar uma pessoa, transar em local público, ou até mesmo abaixar a calça e defecar no meio da rua, mas devo assumir as consequências caso seja pego. Isso também vale para usar maconha, seja no carro, na praia, na frente de uma balada, ou no bosque na UFSC. (Portanto Cacau Menezes, presta atenção no que você fala!!!)
Ao mesmo tempo é fato que nem com todo esse tumulto, as ondas de violência e roubos não pararam. No próprio dia 25/03 (durante a ação da polícia), um dos agentes teve sua carteira roubada, com dinheiro e documentos, além de colete, GPS e câmera. Ontem dia 27/03, no CSE (Centro Sócio Econômico) roubaram uma moto.
Se sou a favor da polícia no campus?
Digo que sou a favor de uma forma mais eficiente de segurança. Os próprios alunos não serão capazes de realizar essa segurança e apenas colocar mais iluminação não resolverá o problema, pois sabemos da quantidade de roubos e furtos durante o dia. 
Não concordo com o controle de todos que entram e saem da UFSC, uma vez que acredito que aquele espaço pertence a todos da comunidade.
Caso não consigamos achar uma solução plausível e adequada acredito que é necessária a polícia e identificação das pessoas que entram e saem, mas repito, essa deveria ser a última medida. 

Sobre a polícia todos estão falando: "Você sabe o motivo pelo qual ela foi criada!" 
Vamos ao seu significado: deriva da palavra politia do latim, que deriva da palavra politeia do grego, significando "organização política", "sistema de governo". Concordo que em muitos momentos, historicamente falando, ela agiu de forma truculenta, ou até com excesso de força necessária, mas dai generalizar que nenhum policial presta, que são todos corruptos, não servem pra nada, acredito ser exagero, pois sabemos que pessoas que enfraquecem um movimento temos em todos os setores, seja padres pedófilos na igreja, cuidadores de idosos que batem nos mesmos, professores que matam aula. Ainda posso citar como pessoas que enfraquecem um movimento o "estudante" que fumou maconha dentro da reitoria (o que ele queria provar com isso?), ou os outros estudantes que invadiram o Colégio de Aplicação da UFSC para convocar outros estudantes para a assembleia com a reitora no dia 27/03, o que não acho ser adequado. Porém não podemos generalizar todos por causa de um, ou de um grupo, certo? Portanto não vamos generalizar a polícia, pois conheço bons polícias, que nunca tiveram advertências e sempre cumprem suas funções, mesmo que em alguns momentos tenham uma enorme quantia de dinheiro interceptada em mãos. 

Sinto um certo "saudosismo negativo", quando todos tem lembrado dos tempos de ditadura e da forma que a polícia agia, mas como futuro formador eu tenho a necessidade de acreditar nas mudanças, das pessoas e de grupos, correto? Qual seria o sentido de tudo continuar sendo igual sempre? As coisas não podem mudar? A polícia não pode mudar e estar constantemente mudando sua forma de ação?
Aliás pensando nas mudanças, sinto uma grande mudança na forma que as pessoas estão vivendo (e já escrevi isso algumas vezes aqui), mas parece que tudo é na base da velocidade e que para ser mais rápido a violência é uma auxiliar do processo, junto com a confusão e o caos. 
Hoje dia 28/03 alguns alunos decidiram hastear novamente a bandeira do Brasil em frente a reitoria (bandeira que havia sido tirada no dia da ocupação da reitoria). Naquele momento outras causas foram colocadas em pauta, não apenas a questão da segurança. O grupo que ocupou a reitoria falou sobre o machismo, preconceito racial, sexual (reforço que sou a favor dessas lutas). Sabe o que isso reforça, que o problema é muito maior, que a questão é social e não apenas por sermos uma sociedade capitalista, mas por sermos uma sociedade que ainda tem a educação extremamente fragilizada. Qual o sentido de atitudes violentas? Qual o sentido do uso de tanta droga? Do que estamos querendo fugir?
Gostaria de dizer que em meio a todo esse movimento turbulento existe um ponto central que parece claro, o processo formativo está acontecendo e ele deve existir no campo do diálogo e dos conflitos, não dos confrontos. 
"Quem é você para julgar a vida que vivo? Eu sei que não sou perfeito - e nem vivo para ser perfeito - mas antes de começar a apontar o dedo... tenha certeza de que suas mãos estão limpas!" Bob Marley
E finalizo com Mahatma Gandhi "Só podemos vencer o adversário com o amor, nunca com o ódio [...] o amor é a força mais abstrata e, também, a mais potente que há no mundo." 

Que o processo constante de formação humana permaneça e que o diálogo prevaleça!