Nessa semana tive a felicidade de atender um convite que havia sido solicitado, “palestrar” para crianças da quinta série sobre sexualidade. Assunto um tanto quanto instigador para um publico que eu imaginava estar bem instigado.
Os temas centrais eram: afeto, respeito ao corpo e responsabilidade nas escolhas, até ai tudo tranqüilo, procurei pensar todos os assunto de forma ampla, não voltado apenas para o sexo, afinal o foco principal era a sexualidade.
Sabia que lidar com criança, para mim nunca foi problema, mas o problema é que eram quatro turmas e talvez um problema maior fosse que (com minha própria opinião) juntamos de duas em duas, ou seja, cada bate papo seria com mais ou menos 60 crianças! Achou que não poderia ter problemas.
Tudo planejado, palco armado era hora de chegar a platéia!
Todos bem curiosos, altos, magros, gordinhos, com boné, com cabelo preso, de chinelo ou tênis, cabelos lisos ou enrolados, cada um com um estilo diferente, com um olhar diferente, mas todos com um detalhe em comum, curiosidade! O que será que esse cabeludo vai fazer aqui?
Depois que todos entraram e claro, não tinha cadeira para todos (isso eu já sabia que aconteceria) por isso o jeito era sentar no chão e claro, eu não perderia a oportunidade de estar sentado no chão com eles também.
Apresento-me, digo quem me convidou, agradeço e finalmente falo o tema e é nesse momento que percebo que o bate papo vai “bombar”!
A primeira turma escuta atenta conversas paralelas surgem o tempo todo, mas nada de espantoso. Alguns rostinhos assustado com alguns assuntos, outros bem atentos, mais um pouco de barulho, logo em seguida tudo controlado e assim foi caminhando o bate papo, no final algumas perguntas, respostas tranquilas, dúvidas esclarecidas e fim de papo, era hora do intervalo.
Dez minutinhos de intervalo e que venha a próxima turma.
Mais uma vez mesmo esquema, entrada dos alunos, bate papo, conversas, barulho, controle, até chegar ao fim, mas ai eles se soltaram e começaram a sair perguntas dos mais vários níveis: “Professor, como faz sexo anal?” “Professor, sei que é um pouco constrangedor, mas qual é a melhor forma de penetração?” “Como dois mulheres fazem sexo?” “A camisinha pode ficar presa dentro da mulher?”
Confesso que cada questão que surgia eu ficava admirado com dúvidas tão, digamos, profundas, mas da forma mais natural possível, respondia normalmente.
Sempre soube do potencial das crianças, sempre tive certeza de que elas estão amadurecendo cada vez mais rápido, mas é impressionante como sempre continuamos nos surpreendemos, elas são mágicas, não tem tempo ruim, se é pra ser feito e se elas estiverem com vontade, simplesmente acontecerá, conquistá-las é o principal passo para ser dado e dessa forma tudo será simples e natural. Sempre depende dos olhos que estão vendo, mas também dos olhos e da forma que são vistos.
O ponto triste acredito que seja, o fato delas não terem esse tipo de aula, palestra, ou bate papo sempre, pois tenho certeza que estaríamos formando seres humanos muito mais esclarecidos.
Espero que em um futuro próximo discussões sobre sexo e drogas tornem-se parte integrante das disciplinas nas escolas, mesmo que seja um projeto paralelo que aconteça no ano letivo.
Ps: Em breve fotos!
Que belezinha!
ResponderExcluirMas só para deixar claro, as perguntas foram melhores do que as que aparecem no altas horas.
Quando colocares as fotos, conta as outras perguntas que me falasse... vai ser divertido de ler!
beijoo!!
Guu aqui é a Ju, amiga da Lika. O google fez o favor de sumir com meu comentário e eu vou ter que escrever de novo.... =/
ResponderExcluirAdorei o texto e adorei teu trabalho! Acho que acolher a dúvida e informar/ensinar são as melhores ferramentas que temos para melhorar nosso mundo.
Quantos anos tinha esse povo?
Beijo e boa sorte!
bom se é 5a série eu imagino q a média seja de 9 10 anos né?
ResponderExcluirNa sexta série tínhamos aula uma vez por semana com o Prof. Adilson, lembra? Não era sobre sexualidade, mas abordavam-se vários temas interessantes até. Não nesse nível de liberdade que foi sua, infelizmente. Mas já era alguma coisa né? Que bacana vc participar de algo assim no processo de formação dessas crianças!! Bacana!!! =)
ResponderExcluirVanessa
Pensei que você tinha escrito sobre a reação dos professores, cabe algumas observações que você me contou! Muito bacana seu relato e espero ver esta experiência aparecendo nas nossas discussões da pedagogia nas próximas aulas que irão tratar deste assunto.
ResponderExcluir