sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O quanto estamos mergulhados na vida?




Sigo na reflexão sobre a morte e consequentemente sobre a vida....

Bene autem mori est effugere male vivendi periculum (Morrer bem é escapar do risco de viver mal) [...] A vontade é o único obstáculo à morte [...] Todo mundo precisa buscar aprovação também de outras pessoas para sua vida, mas apenas a própria para sua morte: ótima é a morte que lhe agrada.” (Sêneca – Edificar-se para a morte – das cartas morais a Lucídio, p.98 – 102).

Sabe o que é realmente bom na vida?
Ela não tem regra e muito menos padrão, isso somos nós, que por diversos motivos, acabamos criando.
Sabe o que isso significa?
Não tem certo, não tem errado, tem uma forma que você instituiu como melhor para vive-la.
Sabe o grande problema disso?
Nem sempre somos compreendidos, e/ou compreendemos o outro – lembrando que, às vezes, nos compreender é tão difícil quanto compreender o outro.
Sabe o que essa falta de compreensão gera?
Conflitos e desentendimentos, irritação e briga, mas também diálogo e nova compreensão, reflexões e novas possibilidades – ou não.
E sabe o que é realmente bom na vida?
Você pode reinventar sua regra e rever seus padrões!

Sêneca em outro trecho diz: Constituendum est quid velimus et in eo perseverandum (É preciso definir o que queremos e perseverar nisso). (Sêneca – Edificar-se para a morte – das cartas morais a Lucídio, p.28).

Compreendendo esse perseverar como uma possibilidade de bancar seus desejos e suas vontades. Para não correr o risco de viver mal!

(Gustavo Tanus Martins na construção de uma tese)

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Estamos Seguros?




Depois daquela noite, o menino tornou-se amigo do Tempo... Ele era, agora, seu grande conselheiro. Sempre que precisava de algo, que estava incomodado com alguma coisa, era ao Tempo que ele recorria. 
Naquela noite, ele cansou de virar de um lado para o outro da cama e, recorreu ao seu amigo:
- Ei Tempo... Lembra-se de nossa conversa anterior?
- Claro! Como haveria de esquecer? O que está lhe incomodando agora, meu caro amigo?
O menino suspira, sente-se acolhido pelo Tempo, fica feliz em tê-lo por perto e pergunta:
- Eu estou seguro?
Tempo fica pensativo e retruca:
- Como assim seguro, bom menino? Explique mais sobre isso....
O menino apenas havia acordado e não tinha muito bem elaborado aquele pensamento, mas tentou explicar:
- Todo momento parece que estamos buscando segurança. Temos grades, cercas elétricas, cadeados para nos proteger em casa, airbags para evitar lesões graves nos acidentes de carro, estudamos muito para a segurança de um bom emprego, pagamos para no final da vida podermos receber um dinheiro sem trabalhar. Fico pensando: será que eu estou seguro?
Tempo não precisou articular tantos pensamentos e começou a responder:
- Grades podem ser quebradas, cercas elétricas desligadas, cadeados arrobados, airbags não abrirem, não achar um bom emprego, morrer antes mesmo de para de trabalhar. Não, você definitivamente não está seguro.
O menino ficou angustiado. Sua respiração ficou ofegante. O coração acelerado. Vendo a aflição tomando conta dele, Tempo interferiu:
- Entenda meu bom amigo, apesar de sempre buscarmos, nunca estamos seguros, somos seres do mundo, sendo assim, estamos sujeitos aos acontecimentos mundanos, compreenda isso e estará tudo bem!
O menino respirou um pouco mais aliviado e ficou repetindo mentalmente, até adormecer:
- Está tudo bem!!!
Está tudo bem....
Está tudo bem.....

Pensamento da noite silenciosa





Em uma noite quieta e fria o menino pergunta, instigado, ao Tempo: 
- Quanto tempo eu tenho? 
O Tempo responde:
- Alguns dizem: todo o tempo do mundo! Eu posso afirmar: o tempo necessário.
O menino silencia, por alguns instantes tentar entender, mas não se conforma e volta a perguntar, agora um pouco mais aflito:
- E como posso aproveitar esse tempo, Tempo? Como o tempo sabe o que é necessário? E se para mim esse tempo não for suficiente? E...
O Tempo interrompe o menino e responde com uma voz tranquila:
- Não se aflija dessa forma, pois assim estará perdendo tempo. Não acredite na necessidade de aproveitar, ser suficiente, nas promessas.... Lembre-se que o tempo passará independente de sua vontade. Por vezes não será da forma que você esperava. Você deverá focar apenas naquilo que lhe cabe, no melhor que possa fazer para você mesmo, o resto, deixe estar, pois o tempo trará as respostas.
Mais uma vez, o menino faz silêncio. Tenta fechar os olhos, para pegar no sono. Dorme por alguns minutos, acorda novamente e pergunta, novamente ao Tempo:
- Em quanto tempo terei essas respostas?
O Tempo, pacientemente, explica:
- No tempo necessário, mas não esqueça de algo importante, independentemente de qualquer coisa que aconteça nesse tempo; está tudo bem!
O menino parece tranquilizar-se e repete as palavras finais do Tempo, até cair em sono profundo:
- Está tudo bem.... Está tudo bem.... Está tudo bem....