“(...) eu não sei d'aonde vem o tiro...”
É curioso e ao mesmo tempo diferente ver na tela do cinema algo que você sabe que acontece, mas talvez não acredite que seja 100% dessa forma.
Ao ler o blog do http://www.ricaperrone.com.br/ decidi postar sobre o filme Tropa de Elite 2 também.
Não bastando toda a sujeira no primeiro filme Padilha decide “esculaxa” dessa fez. É como uma bomba na cabeça dos políticos, da polícia, da justiça, mas acredito que a maior bomba deveria ser na cabeça da sociedade e da comodidade da humanidade que existe e persiste no nosso dia a dia.
O filme mostra relações rotineiras da vida, como a relação entre pai e filho, a convivência de um casal divorciado, as discussões existentes entre esquerda e direita, mas mostra aquilo que muitos de nós, meros mortais, não vemos, a malandragem da polícia, a sacanagem dos políticos e o mais absurdo, a dificuldade quando alguém tenta agir da forma “correta” (se é que existe essa forma).
Com certeza como comentou Perrone, em seu blog, se o filme tivesse sido lançado antes do primeiro turno das eleições tudo seria mais complexo no momento em que estivéssemos de frente para a urna, mas não existe ponto sem nó.
Vagner Moura, fez do capitão Nascimento um ícone social, uma pessoa que luta por seu batalhão, mas agora tenta lutar por uma causa maior, mas não é tão simples assim, a “realidade” é outra, é necessário abrir mão de algumas coisas e como em todos os momentos da vida ganhamos em alguns pontos, mas perdemos em outros. Ele que começa o filme sendo taxado como, o cara que apóia o lado mal da “coisa”, o fascista sem coração, tem no lado oposto Fraga, o homem dos direitos humanos, mocinho de esquerda, o “anjinho” da história, mas que no fundo pretendem alcançar o mesmo objetivo de achar um equilíbrio social, uma maneira de tentar exibir e valorizar o lado positivo da sociedade.
O filme eu acredito que seja mais do que um tapa na cara, mas sim um tiro, aqueles tiros de 12, bem na cara, que arrebenta tudo e estraga o velório, um tiro que muitas vezes parece sair pela culatra.
Meu sentimento maior foi de parecer estar de mãos atadas, que saber do podre, mas não conseguir soltar uma bomba para mudar algo, apenas semear algo positivo, isso tornou-se mais forte ainda depois que André em um encontro com Nascimento (não vou falar o momento, pois se você ainda não viu o filme irá estragar alguns detalhes) diz que quem acabaria mudando (deixando de querer enfrentar as dificuldades da honestidade), seria o próprio Nascimento. Na verdade esse comentário tinha um fundo de razão, pois surgiram dois caminhos para Nascimento, ou ele teria que mudar, ou ele não conseguiria se encaixar e ai amigo, só assistindo para entender.
O fato é: existe muita impunidade, injustiça, sujeira e pilantragem das quais não temos nem idéia. Se o filme é “forçado” ao extremo, ou é apenas uma realidade que muitos desconhecem e os que conhecem tem medo de abrir a boca e os poucos que abrem, não permanecem onde estão, isso pouco importa, o que importa é que devemos, precisamos, ou melhor, necessitamos abrir os olhos, “soltar as algemas que nos prende” e não nos acomodar com aquilo que acreditamos estar fora dos padrões.
Acredito, assim como o filme passa, que a maior bandidagem não é a que aparece no começo dentro do presídio, nem os de farda, mas sim os de terno e gravata que auxiliam e alimentam os outros dois.
Filme, elenco, direção, produção, parabéns! Isso sim é filme pra Oscar, não a história da vida de alguém, nem filmes em que no final tudo explode e o mocinho fica com a mocinha (essa é uma frase do Dig), Tropa de Elite 2 – O inimigo agora é outro e “a conta é grande amigo”.
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