quarta-feira, 23 de maio de 2012

Grécia: da bonança à tempestade


A palavra Paidéia surgida na Grécia e que da título ao livro de Weber Jaeger, como o próprio autor diz não é simples de ser esclarecido com apenas uma palavra. Hoje abarcaria um compilado de "civilização, cultura, tradição, literatura ou educação" (JAEGER, 1989, p. 3). Caso conseguissemos colocá-las todas em um mesmo "barco", talvez chegassemos ao termo Paidéia. 
Torna-se  claro que todo este processo diz respeito a comunidade, liga-se a um momento de relações e reflexões sobre uma comunidade, não apenas a um indivíduo. Pensava-se no processo de Formação Humana, de auxiliar o homem a ser humano. Porém atualmente o homem não está inteiramente em seu momento vivido, ao conversarmos sobre a educação, filosofia, ou qualquer outro assunto, por muitos instantes estamos pensando em diversos outros afazeres, muitas outras reflexões. Já na Grécia apesar desta não ser "uma autoridade imbatível, fixa e independente do nosso destino" (JAEGER, 1989, p. 4), podia-se ter o "privilégio" de através dos diálogos reflexivos compreender o caminhar para a Formação Humana.
Parece surgir um empobrecimento nos processos reflexivos atuais, talvez surja desse ponto a necessidade de voltarmos a Grécia para compreender, ou pelo menos tentar compreender, as transformações, perdas e ganhos de todos esses processos. O próprio Nietszche dirá que o retorno a Grécia é preciso para novas reflexões, porém posteriormente, desconsiderará essa ideia, mas pode-se entender que essa "transformação", esse caminho era necessário. 
O principal fato é que a educação na Grécia era voltada ao povo, porém hoje nosso olhar individualista, pelo qual convivemos e vivemos no mundo, dificulta compreender como e de que forma os gregos conseguiam pensar nesse coletivo, porém este é um movimento necessário para, de algum modo, poder entender essa Formação Humana e o que poderia ser necessariamente vital.
A cultura era "a totalidade das manifestações e formas de vida que caracterizam um povo. A palavra converteu-se num simples conceito antropológico descritivo. Já não significa um alto conceito de valor, um ideal consciente" (JAEGER, 1989, p. 6) e isso era visto pelos gregos devido a sua potência de ser um povo que vivia de e para a filosofia e "está intimamente ligada à sua arte e à sua poesia" (JAEGER, 1989, p. 9).
todo este resgate de filosofia, da cultura grega, arte, poesia, o pensar na sociedade, o poder da oratória, seriam pontosapra conseguirmos nos apropriar do que seria a Paidéia e todo este movimento estaria ligado a educação como um processo de construção consciente e a partir desse instante apropria-se de um pensamento mais coletivo, menos individualista. 
Todo esse trabalho de bebermos das fonte da gregas para pensarmos a Filosofia, Letras, Arquiteturas, nos mostrao "poder" existente naquela civilização, porém torna-se mais interessante pensar no atual momento vivido pelo Grécia, instante permeado de crises em diversos setores da sociedade. 
A partir dessa reflexão sobre tudo o que a Grécia representa e seu atual momento, nos leva a refletir sobre esse processo de necessidade da humanidade repleto de ciclos, os quais não existe algo estagnado ou concreto, vivemos em constante mudança, dessa forma, nada fica em uma linearidade, as construções histórico sociais são permeadas de mudanças e através desse ponto as sociedades se constrem, fortalecem suas bases, refletem seus pensamentos para outras sociedade, mas também decaem, entram em crise e é necessário reestabelecer-se, recriar, construir, voltar a filosofar, dialogar para voltar a construir a sociedade,
assim como relata Flickinger (1998), o diálogo faz parte de um intercâmbio vital com o outro, através dele pode-se construir novas possibilidades.
As sociedades necessitam do diálogo, seja para construir bases solidades, ou para recuperar essas bases, talvez o sentido de Paidéia, tão trabalhado em diversas linhas de pesquise e estudos deva voltar para sua própria morar, a Grécia e assim, de repente, poderá auxiliar no instante em que a mesma se encontra. 
Em alguns momentos vale a pena os próprios filhos conhecerem sua origem, afinal é esse caminho, onde bebemos da própria fonte, que pode nos tornar homens mais completos, auxiliando de forma magistral para a Formação Humana.



FLICKINGER, H. G. Para que filosofia da educação? In: Perspectiva. Florianópolis, v.16, n. 29, p. 15-22, jan./jun. 1998.


JAEGER, Werner (Wilhelm). Paideia : a formação do homem grego. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; [Brasilia]: Ed. Universidade de Brasilia, 1989. 966p.  

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